METOXETAMINA
"LEGAL HIGH" da InternetFROM
Nos últimos anos, tem havido um aumento dramático na venda de novas drogas psicoativas legais (‘‘legal highs’’ ou ‘‘designer drugs’’), principalmente através da internet, onde podem ser compradas a baixo preço.
Muitas vezes estes compostos puros têm uma grande semelhança química e estrutural com drogas ilegais de abuso já existentes. O objetivo é contornar a legislação mas reter as propriedades psicoativas do composto-mãe. [1][2] Em muitos países, tais compostos são raramente incluídos na legislação do controlo de drogas, e não se enquadram nos sistemas legislativos genéricos.
A metoxetamina é um produto obtido por “drug design” racional, sintetizado como um análogo estrutural da cetamina. [1] Diz-se que terá sido desenvolvida por um investigador químico britânico, com o objetivo de criar uma alternativa segura à cetamina no tratamento da dor crónica, especialmente em relação aos problemas no trato urinário que podem surgir do seu uso frequente. [3]
Como neste momento, a metoxetamina continua não sujeita a qualquer tipo de restrições legais na maioria dos países e permanece disponível em vários locais da internet, é plausível que o consumo desta substância aumente. [1][5] Este facto poderá também afetar a perceção do consumidor quanto ao risco associado ao seu consumo. A ideia que a legalidade equivale a segurança mantém-se presente em alguns consumidores de drogas recreativas. [6]
Há, contudo, uma falta de informação segura quanto aos efeitos a longo prazo, toxicidade e potencial de abuso desta substância. [3]
Referências:
[1] Hofer, K., Grager, B., Müller, D., Rauber-Lüthy, C., Kupferschmidt, H., Rentsch, K., Ceschi, A., Ketamine-like Effects After Recreational Use of Methoxetamine. Annals of Emergency Medicine, 2012. Volume 60, No:1.
[2] Elliott, S., Evans, J., A 3-year review of new psychoactive substances in casework. Forensic Science International, 2014. 243: p. 55–60.
[3] Kjellgren, A., Jonsson, K., Methoxetamine (MXE) – A Phenomenological Study of Experiences Induced by a “Legal High” from the Internet. Journal of Psychoactive Drugs 2013. 45(3): p.276–286.
[4] Menzies, E. L., Hudson, S. C., Dargan, P. I., Parkin, M. C., Wood, D. M., Kicman, A. T., Characterizing metabolites and potential metabolic pathways for the novel psychoactive substance methoxetamine. Drug Test. Analysis, 2013.
[5] Morris, H., Wallach, J., From PCP to MXE: a comprehensive review of the non-medical use of dissociative drugs. (Review) )Drug Test. Analysis, 2014
[6]Corazza, O., Assi, S., Schifano, F., From “Special K” to “Special M”: The Evolution of the Recreational Use of Ketamine and Methoxetamine. (Review) CNS Neuroscience & Therapeutics, 2013. 19: p. 454–460.
História:

O seu uso como droga recreativa foi pela primeira vez reportado em Setembro de 2010 [4] e a primeira overdose foi relatada em 21 de Outubro do mesmo ano no Reino Unido. [5]
Em Novembro desse ano a EMCDDA (European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction) teve conhecimento da existência desta substância. [5]
A primeira referência à MXE na literatura científica aconteceu em Agosto de 2011 na “Clinical Toxicology”, com a descrição de uma resposta adversa numa utilização intravenosa desta droga. [5]
A sua frequência e consumo tiveram um aumento nítido de 2011 para 2012. [2]
Em 5 de Abril de 2012 tornou-se a primeira droga a entrar na nova categoria temporária de drogas controladas (TCDO) no Reino Unido sendo proibida a sua importação e venda por um ano. [5] Após recomendações do ACDM (Association for Clinical Data Management) tornou-se uma droga de classe B, neste país em 26 de Fevereiro de 2013. [4]